Olá, tu que dizes que o governo te engana.
Olá, tu que dizes que são todos a mesma coisa.
Olá, tu que deixas os anos passar... e perdes o sonho.
Olá, tu que votas sempre no mesmo, como se de um clube se tratasse.
Olá, tu que achas o que lês e o que vês.
Olá, tu que só pensas até à zona de conforto. Até onde achas que é aceitável estar, porque todos os outros estão.
Olá, tu que és bombardeado com prazeres de fácil e rápido acesso, que te denigrem e põem em causa a imagem que tens de ti, retirando-te poder de escolha, sentido crítico e qualquer sentido que vá contra corrente.
Olá, tu que navegas pelas redes sociais e és inundado por artigos de opinião sempre virados para o mesmo lado, defendidos pelo argumento oportunista e descontextualizado: "são artigos de opinião, não tem de ser imparciais". São artigos de 20 opiniões para uma, por vezes nenhuma, em cada jornal. Até aqui os media TEM de ser imparciais e não são.
Olá, tu que talvez não tenhas percebido que existe uma guerra silenciosa dos senhores do poder contra o livre-arbítrio, onde os políticos são meros batedores, equipas alfa.
Olá, tu que vês o telejornal como a transmissão de notícias de forma clara e limpa, quando é tudo menos isso. São as armas nucleares do inimigo que hoje dita o que se diz ao povo. E não me venhas com histórias que estamos na era da internet e todos nos podemos informar. O que o povo conhece é o que o povo vai procurar - o público, o expresso, o sapo e afins. E esses, meus caros, são tão plurais como o lince ibérico. As notícias já são um pré-fabricado das americanisses que a europa tanto jubila e como se isso não fosse suficiente, colocam-se 20 sujeitos de direita e 2 ou 3 de esquerda, para não parecer mal, a debitar sujidade nos murais da nossa gente. Por muito bom filtro que se tenha, após anos de exposição o interior degrada-se.
Olá, tu que tens medo da mudança.
Olá, tu que existes mas tens medo de viver. Que preferes o menos mal à alternativa que desconheces.
Olá, tu que não arriscas nem petiscas e não deixas mais ninguém arriscar.
Olá, tu que ficas em casa e argumentas que és contra o sistema político e é preciso uma alternativa. É mais fácil baixar os braços, abdicar do dever de voto e passar mais 4 anos no queixume do costume. Ou então cuspir para o ar imundices como "eu não disse? são todos iguais" enquanto se veste a camisola que diz em tinta invisível: "abdico de remar mas opino sobre o rumo do barco".
Olá, tu que não leste sobre o capitalismo nem o papel principal que lhe está associado na opressão sobre os direitos do homem e na destruição do planeta onde nasceste, nem tão pouco sobre a sua curta esperança de vida. A criação de dinheiro virtual, juros associados e propriedade de tudo e todos é incompatível com a realidade dos recursos de que dispomos e, num futuro proximo, a bolha rebentará de vez. Talvez se esteja a fazer tempo para depois fugir para marte.
Olá, tu que dizes que o governo te engana mas há tanta gente a enganar-te. Sai desse conforto e dessa anestesia epidural. Questiona o que te mostram e quando to mostram.
Olá, tu que és contra os refugiados porque a opinião pública já está formada e diz que o árabe ou o islamita é um monstro. Na realidade não é. É um ser humano como tu, com diferenças na pele e na crença, na cultura e na experiência. Com emoções e sonhos, com os mesmos propositos - viver, sonhar e constituir família. A imagem global, cada vez mais colorida, desse monstro do islão provém de duas fotografias: a negra e REAL deixada pelo auto-intitulado califado, que não passa de um punhado de bandidos de meia tijela, que se aproveitou das armas e treino fornecidos pelos EUA numa tentativa ilicita de um golpe de estado na Síria (não correu bem e saiu-lhes o tiro pela culatra); a sombria e FABRICADA pelos israelitas de um povo que é massacrado há 50 anos - os palestinianos. Escusado será dizer que EUA e Israel comem na mesma mesa e dormem na mesma cama. E escusado será dizer que são a causa de 99% de todas as guerras mundiais e sarilhos que destas advém. Olhemos para a "democracia" deixada no Iraque, ou para a "libertação" levada a cabo no Vietnam. Melhor, tu que foste além dos filmes de Hollywood e sabes umas coisas da 2ª guerra mundial, lembras-te da posição neutra dos EUA até o Japão cometer a infantilidade de os atacar directamente em Pearl Harbour? Fossem os japoneses menos destemidos e talvez o Hitler tivesse vingado. Os EUA não foram libertadores, baixaram a berguilha porque surgiu a vontade de fazer xixi.
Ainda em relação à Palestina, e no seguimento do final da segunda guerra mundial, talvez por sentimento de culpa ou por pura estupidêz, foi criado o estado de israel pelas nações unidas (organização politicamente dominada pelos EUA e UK). Circundava a Palestina, um país milenar, outrora dominado pelo império otomano e depois pelos britânicos e heis a chave de tudo! No início do século 20 e com o pretexto da libertação das garras do império otomano, os britânicos, mais uma vez, fustigam uma área com a sua crueldade, interesses e impunidade. Privado de soberania, a Palestina estava nas mãos desta gentalha, uma espécie de Remax em escala global. Foi o tempo do vale tudo, em que se conquistava terreno e não se ligava a quem lá estava (os mesmos que hoje impõem sanções contra a Rússia por anexar uma região cujo povo é maioritariamente russo/pró anexação).
Depois da criação do estado de Israel em 1947 através de um acordo da UN totalmente engendrado pelos britânicos, o seu território espandiu-se como um cancro num doente terminal. Questiono-me todos os dias como é que a comunidade internacional, tão vinculada aos direitos humanos e tão intransigente quando estes são atacados, tem vindo a permitir meio século de apartheid a olhos vistos. Será porque os media conseguem fazer mais notícia de um soldado israelita morto por alguém cuja familia foi chacinada do que 20 crianças palestinianas decepadas por bombardeamentos "estratégicos" e recorrentes? Ou será pela mesma razão que Israel existe - compra de terreno como se de uma propriedade se tratasse? Será que há forma de comprar o silêncio dos inocentes? Parece que sim.
E ano após ano, israel aumenta e a palestina, que não chega a ser reconhecida como país, diminui. E todos falam, nas suas fatiotas, que a paz tem de ser alcançada enquanto observam, das suas janelas de cristal, os tanques que pisam as casas de quem lá mora para, ilicitamente, criar a casa de mais um colono. Sobre sangue e suor estendem-se as carpetes compradas com silêncio e compactuação de uma união europeia que nunca chegou a significar esperança, apenas um dossier de regras que junta e alicía países na formação de um gang terrorista - A maior rede criminosa de todos os tempos.
Olá, tu que ainda aqui estás e te questionas: afinal que merda é esta? estás a tripar? Nem por isso. Por vezes os filmes diluem-se com a realidade e as teorias da conspiração começam a fazer sentido. E há tantos factos provados hoje em dia derivados da coragem de certos indivíduos cujo raciocínio era totalmente diferente dos demais. Os pilares da nossa sociedade foram erguidos em areias movediças e as restaurações apenas visam o visível e o imediato. Seguiremos um caminho atribulado durante muito tempo. Demasiado.
Olá, tu que em tempos tinhas mente crítica e agora só queres a tua paz. Porque a luta já não é tua ou foi o cansaço e o mudar das fraldas que te mudaram.
Olá, tu que estás e vais estando enquanto não assumes o que és.
Olá, tu que diferes de mim em biliões de características mas consegues, de alguma forma, entender a minha dor.
Olá, tu que fazes parte de uma família, de um grupo e até de um clube, não farás também parte de uma sociedade que precisa de se entender para criar um novo futuro?
Olá, tu que te abres ao movimento.
Olá, tu que não queres ainda dizer adeus.
NWBZ02