O tempo que temo não é meu
nem teu nem de ninguém.
O sol que olha a sombra
onde me deito e quero permanecer...
até anoitecer
e entorpecer a minha mente.
É da gente e não é de ninguém.
Definitivamente...
Não é meu.
Dispo-me de exigências.
Arregaço as mangas da camisola de fato de treino
que está rota no sovaco.
Disponho todas as molduras da pior forma possível,
desalinhadas e deixo as dedadas.
Desde que as consiga ver e
contemplar o propósito de as ter...
já é bom!
Deixo cair o telemóvel mas ainda funciona
e dá para ver a tua mensagem.
Já é bom!
Dizes que na quinta vamos ao sushi
mas hoje é terça e apetece-me um abraço
e uma palavra de apreço.
Mariquisses que se calhar nem mereço.
Parvoíces,
pois eu sei bem que me aprecias
e me admiras.
Mais que eu, mas isso já são outros quinhentos.
Já é bom!
É bom dizer que não ao tempo
e às expectativas.
Enterrar as visões nostálgicas e olhar o passado com um sorriso que é só meu.
De ternura mas também de adeus
Como quem guarda na gaveta o papel da garantia.
Sabes onde está e sabes o que diz
mas não precisas mais dele.
A menos que quebre...
Mas não vai quebrar mais.
Já está bom!
Um grande adeus ao que lá ficou
e me atrasa e entorpece...