quinta-feira, janeiro 18, 2007

Implosao

E o pouco que já tenho
quero diminuir.
Reduzir-me.
Limitar-me atingindo o nulo.
Encurtar.
Absorvo mas tento manter.
Dieta de alma
para nao crescer.
Encolho,
reduzindo.
Impludo, até nao ser.

Janeiro

Pobre podre Janeiro, em vã esperança que oferece.
Sopra vento de mudança, que em fraco fôlego desvanece.
Brisas lacónicas e inócuas, formais. Sem sumo.
Sem novas que incutam rumo.
És falso Janeiro, de ilusão carregado.
Nesta aragem até Fevereiro
há saldos na alma também.

(A esperança empurra mas também pode deitar ao chão.)

quarta-feira, janeiro 03, 2007

Divagar

Divagar é vomitar metaforicamente as necessidades ora de um cérebro saturado, ora dum coraçao inchado.
Equaçao diferencial de uma trombose repentina.
Um eco enorme tao pesado que me trespassa e ultrapassa.
Este estar que somos obrigados a aceitar, obrigaçao mascarada de anestesia.
A trovoada só deixa ouvir os surdos já que o sol nao encadeia os cegos.
Divagar é a minha noçao de estática mental, ao sobrepor
múltiplas realidades em mil folhas que saboreio, digiro e evacuo.
Físico aliviado engana o mental, ignorante estagnado.
Dia após dia, ser após ser
permanece nobre, anfetamina do pobre.
Embora fria nao sacia, contudo.
Paralisante, triste vagueio em círculo, entorpece a alma
em flecha pingada de ressaca por conclusao.
Nao é veneno
É pura divagaçao.