segunda-feira, abril 25, 2011

Se

Se eu morrer entretanto...
Esperem o sol
ou a chuva, relâmpagos
ou um vento quente.

Libertem o choro
e leve sorriso.
Mas libertem.

Nunca me usem
para deixar de viver.

Amo o espaço onde me deixaram livre.
Se por mim surgirem jaulas,
jamais terei um nome.

domingo, abril 24, 2011

Hoje

Hoje visitei um amigo
perdido no tempo.
Sorri e soltei
palavras ao vento.

Hoje visitei um amigo
e achei um espelho.
Chorei como jovem
e olhei um velho.

Hoje visitei um amigo
passado e enterrado
Que me disse "Adeus,
não fiques preocupado."

Mas não estou.
Hoje digo-te adeus, irmão.
Descansa em paz.

Passo a palavra

Passo a palavra
a quem, por ventura, souber definir o amor.
Ou explicar? Sem demasiado rodeio,
analogia ridícula ou serpenteado.

Passo a palavra
a quem, por experiência, souber acreditar no amor.
Ou exemplificar? Sem excessiva fantasia,
sem um mundo perdido, caído na ilusão.

Passo a palavra.
E grita hoje pois os segundos contam.

Grita já
Porque vale a pena!
E passo a vós esta palavra
que para mim já caducou.

Não há regra no amor,
apenas improviso.
Melódico é o fim.

quinta-feira, abril 21, 2011

Formas de expressão

Uma virgula, pensei eu
Três pontos, no máximo.
Afirmação seguida de ponto final!

Uma metáfora? Um paralelismo ou antítese?
Como?
Não foste mais que três pontos e uma vírgula,
quanto muito.

Já sei,
Vivemos num eufemismo!
Eu sei, querida, eu sei.

As tuas palavras?
Uma hipérbole da realidade
Rasgada em mil pedaços.

Vou-me embora.
Que sabes tu?
Limpo o resto das folhas que só caem hoje, porque é Primavera.

Perifrasicamente arrasto os pés.

Por ti, até o mundo movia.
Só hoje, porque é Primavera.