segunda-feira, dezembro 03, 2007

Lágrimas sobre a máquina de escrever
E outras teimosias dos olhos.
Vertem em repetição num tempo só seu
Enclausurando o espaço
A energia
O ar.
O tempo lá fora parou.
Por aqui formam-se borrões em palavras gastas
Acções e reacções.
Vertem-se as gotas, turvam-se as letras e
Os pontos e todas as vírgulas da vida.

O tempo lá fora parou.

O momento é aqui nesta redoma de silêncio.
Tic tac
Parou.
O momento é aqui neste sufrágio pendente.
Tic tac
Parou.

O papel embrulha-se e foge da chuva
Sangra e desfigura-se.
E o som é tão repetitivo
Que as lágrimas não caem,
Transbordam
Em tempestade de verão.

Quando tudo pode ser bom
É o mal que me diz olá.

O tempo lá fora parou.