domingo, dezembro 14, 2014

Definição de amor

Se é abdicar do eu? É, parcialmente.
Passei a sorrir por dois e a sofrer duplamente.
A usar saias e collants e pensos
uma vez por mês.
Abram alas que somos dois...
electrões de hidrogénio.

Quando brilhas estou menos mal, mesmo a morrer.
Serei eterno se findar perto de ti,
com a tua mão sobre mim ou um sorriso
ampliado à luz das nossas velas baratas, ao serão.

Esperando nada nem um pedaço, pois então.
O teu brilho engole a sombra do monstrinho
que eu criei.
Que me quer meio e me corrompe e
venera o exagero.

Serei eterno se findar no teu olhar.

Divago enquanto sinto quando te toco,
ao retratar um ramo velho que já quebrou
voltar à árvore que em tempos o acomodou
e dar um fruto já tardio... mas não interessa,
não temos pressa.

E se o amor não for suficiente?
Os princípios são as pernas da nossa mesa.
Dois são meus e dois são teus.
As flores no centro retratam a fragilidade do compromisso
e a toalha um manto de tolerância que se gasta vida fora.

Há um pinhal repleto de sonhos e oportunidades,
onde se valoriza o inspirar.
De ar e todas as coisas boas que temos para desfrutar.
Não há turvos pensamentos nem há decisões arriscadas, por lá.
Só nós.
Num sofá bem de frente para a vida:
Sofrida, sentida e compreendida.

Serei eterno se rimar com o teu olhar.











sábado, novembro 01, 2014

Amor


Se o amor me for fiel
escreverei sobre isso. E não me resignarei
à impossibilidade de descrever paixão.

Faz falta à rotação da Terra
que haja amor.

Reúno a minha roupa e saio nu
Nessa praça de ideias cavas.

E esboço acanhado troço
mil linhas do amor do moço
vão formando uma bandeira.

Encarnada do amor e
de tréguas vai sendo branca.

Nessa praça de ideias cavas
dessa guerra que só tu travas
a ilusão é alavanca.
Porque eu sei o que só eu sinto
os outros é gente estranha
é por vezes brilho que entranha
neste caustico labirinto.

Não assumo que o amor é a continuidade do que, conscientemente, eu faço para me sentir feliz.
Não assumo que o amor é algo que se controla.

Amor é consequência.
Amor é uma doença que não espirra, sorri.
Doi e consome
e respira de ti o que há para expirar.

Não guarda nem reserva
E usa-te no pleno.
Faz-te velho e feliz
E justifica o oxigénio
que consomes.
E o teu impacto num mundo puro e de instinto.
É pelo amor que nascemos e é para o amor que vivemos
Nada mais.

Amor é respirar.
Amor é ser.