sábado, março 19, 2011

Só o ar que respiro...

Só o ar que respiro...
Me rodeia.
Só resta a minha aura.
Que encolhe, a cada passo e
A cada decisão.
Que mingua em cada esquina e
Em cada encontro.

Só o ar que respiro...
Me deixa vivo.
Não encontro oxigénio em nada mais.
Nas pequenas coisas
que anseio dia após dia tal miúdo perto do Natal.

Só o ar que respiro.
E nada mais!

Encolhe e mingua e encolhe e reduz
drasticamente sem razão.
Chamam-lhe auto-estima pois bem
eu chamo-lhe coração.

Encolhe e mingua
drasticamente sem razão.

E passa, pois passa
O tempo sem pedir licença.
Eu espero, não me meto
Aguardo, não me intrometo
Na minha própria vida.

Só o ar que respiro...
vai esperando por mim.
Só mesmo o ar que paira
porque precisa de ser inalado.
Porque precisa...

Porque precisa...

Nada espera se não precisar.
Mas não me apetece agarrar
tudo.
Tenho medo de não querer
nada.

Tenho medo.
Não consigo.
Talvez consiga.
Mas não me apetece provar,
e não querer.
Não me apetece deitar fora.
Não me apetece desperdiçar.

Estou perdido
e só o ar que respiro
me é conveniente.
Me suporta.

Vivo sustentadamente.
Com o ar e nada mais.
Porque é mais fácil.

Sem o interno resolvido
o externo é só fachada.
Prefiro então abdicar
gostar e deixar estar
não pegar e simular
em vez disso só respirar.

Só o ar que respiro
me pertence.
Tudo o resto são sonhos
que um dia serão meus.