quinta-feira, março 15, 2007

Forma de lidar

cigarro e

fumo.

vela que arde e

seu prumo.

tons de querer.

agonia sem

rumo.

esperança e

pouco depois

um corte fundo.

miséria e

maravilha.

a tristeza num

só dia.

copos vazios

consumidos.

invólucros de

necessidade.

já vazios.

consumo.

cigarro e

seu fumo.

arder e

esvaziar.

ser

aprender a estar.

velas e

fumos e

cortes profundos na

alma sem

rumo que quer

aprender a

ser.

a estar.

pouca vida.

inércia sentida.

esvaziar para

mais tarde

encher

e ficar.

inconfundivelmente

conscientemente

propositadamente...

forma de lidar.

terça-feira, fevereiro 27, 2007

Hell

In hell there's no flowers to make you smile,
no tears to make you cry,
no light to make you see,
no knives to make you bleed.
In hell there's no dark to make you sleep,
no bruises to make you remind.
Hell is absence. Hell is here.

F

quinta-feira, janeiro 18, 2007

Implosao

E o pouco que já tenho
quero diminuir.
Reduzir-me.
Limitar-me atingindo o nulo.
Encurtar.
Absorvo mas tento manter.
Dieta de alma
para nao crescer.
Encolho,
reduzindo.
Impludo, até nao ser.

Janeiro

Pobre podre Janeiro, em vã esperança que oferece.
Sopra vento de mudança, que em fraco fôlego desvanece.
Brisas lacónicas e inócuas, formais. Sem sumo.
Sem novas que incutam rumo.
És falso Janeiro, de ilusão carregado.
Nesta aragem até Fevereiro
há saldos na alma também.

(A esperança empurra mas também pode deitar ao chão.)

quarta-feira, janeiro 03, 2007

Divagar

Divagar é vomitar metaforicamente as necessidades ora de um cérebro saturado, ora dum coraçao inchado.
Equaçao diferencial de uma trombose repentina.
Um eco enorme tao pesado que me trespassa e ultrapassa.
Este estar que somos obrigados a aceitar, obrigaçao mascarada de anestesia.
A trovoada só deixa ouvir os surdos já que o sol nao encadeia os cegos.
Divagar é a minha noçao de estática mental, ao sobrepor
múltiplas realidades em mil folhas que saboreio, digiro e evacuo.
Físico aliviado engana o mental, ignorante estagnado.
Dia após dia, ser após ser
permanece nobre, anfetamina do pobre.
Embora fria nao sacia, contudo.
Paralisante, triste vagueio em círculo, entorpece a alma
em flecha pingada de ressaca por conclusao.
Nao é veneno
É pura divagaçao.

domingo, dezembro 31, 2006

Sobre a neblina

Os anos só passam quando nada fazemos por nós próprios, de resto vao passando.

(Temporadas de inércia e oportunidades dissipadas a custa de conformismo e carencia de zelo tendem a tatuar estas máximas na nossa mente, a projectar estas imagens mesmo a nossa frente. Tendem a acalorar de novo um coraçao já farto de arritmias, de inconstante prazer ora dor. A estabilizar, renovar. Nada surge por acaso, há infinitos quase invisiveis catalisadores no ar que respiramos, que num todo nos sufocam.
Mas achando o ideal, esse golo em panico de sede agoniante, breve brecha em nó desesperante, é extraordinário. Quase crepúsculo em despertante maresia de inocencia, que nao espraia, redescobre o mundo que nos rodeia, desta vez nao tao incógnito. [Tal qual criança rumo a escola, de meta entranhada no querer, absorvendo tudo no estar, todo um caminho que por ser infinito no poder, é de todos para explorar.]
É com ficticios devaneios crescentes divagaçoes que hoje me explico, em palavras que ditam uma recta quase circulo de erros e opçoes, raros sucessos, breves contentaçoes.
É com dor mas ao mesmo tempo prazer que grito neste sossego, tao próprio e tao meu, me ensino enquanto as palavras germinam, em harmonia. Tao próxima de fantasia.
É com surtas ilusoes que prevejo felicidade, e em surto sangue vivo o empreendimento da tao rara paz emocional.
Oponho-me aos meus principios ao lutar por um lugar ao sol, onde possa descansar enfim, e sangrar este ofego que me consome tao lentamente que quase nao doi. Maldito combustível de inércia.
E só me oponho porque me faltou acreditar, enquanto cresci, que é propicio ao ser humano espezinhar enquanto caminha, que é valor acrescido conceder que os outros sofram para vencer.
Eu venço na minha oposiçao. Venço em espirito. Ao acordar ou mesmo entre momentos, olhar o espelho e ver brilhar encandear uma orgulhosa réstea de inocencia, que nao estingue em mim. Esse teimoso catalisador de revoluçoes mentais, sociais e carnais.
Prevejo com tristeza o fim dessa nobre herança, que se ditou vulgar.
E tal como os peixes conquistaram a terra, nós abraçaremos a extinçao, de queixo bem erguido por pilares de arrogancia e inaptidao.
Observo, contribuo e aos poucos vou-me odiando, decrescendo, perdendo essa tao essencial condiçao humana.
Olho-me perdido e ofuscado no eterno momento que nada capta, deixando certezas para depois. Quem sabe nao será capricho.)

[Divagar é vomitar metaforicamente as necessidades ora de um cerebro saturado, ora dum coraçao inchado.
(...) Ou de algo tao pesado que me trespassa e ultrapassa. Este estar que somos obrigados a aceitar, esta obrigaçao mascarada de anestesia.]

sexta-feira, dezembro 29, 2006

Palavras?

Hoje olho, tento escrever
as rimas saem mudas com medo de aparecer.
Vivencias boémias que partilham
o mesmo mundo, as mesmas infâncias.
Cúmplices sao os olhares das mesmas instâncias.

(...)

(Se ao menos as palavras fossem dignas do furor que nos consome.)

terça-feira, dezembro 05, 2006

Destino

A palavra é distorcida e fomenta conformaçao.
Implica que temos a vida traçada por um ente superior, denigre as nossas acçoes, inferiorizando-as:
As nossas opçoes sao fragmentos de um todo onde nao temos mao.
Num guiao já escrito, somos o improviso.

A meu ver, o destino implica apenas a vontade exterior:
Nós somos o que fazemos, o que escolhemos.
Mas se, de alguma forma, depender de terceiros, é a sua vontade que nos poderá estagnar.

Por outro lado, afirmar contundentemente que dependemos somente da nossa vontade é ir longe demais.
Nega a liberdade, evidencia necessidade de domínio. É-se possessivo, empreendedor de vontades alheias.
A ténue fronteira entre passividade e livre escolha delimita as vertentes da sociedade actual.
O destino é o que deixamos por conta dos outros, mas o excesso de liberdade dá azo ao caos.

Eu sou o que quero ser e me permitires ser, se para tal depender de ti.

quarta-feira, novembro 29, 2006

Inociencia

Porque a inocencia já se afogou
Nao volto a falar de amor.
A volátil fragilidade da entrega
morreu em curtos compassos
de uma musica que foi aventura:
Onde em vez de nos descobrirmos
Alcançámos algo perto de amar
E quando hoje, queremos amar
Encontramos algo perto de ser.
Vivemos ao contrário
Quando o mundo é linha recta.
E agora, nao mais que um circulo
Testamos remendos, vendemo-nos ideias.
A saliva torna-se ácida e banal
simplória e sentimental.
Nao nos permitimos redescobrir, reinventar,
esquecer. Tudo se assemelha a algo
E nunca algo será o tudo.
Somos projectos cansados, batidos
Somos crianças vividas, sem paz.
Somos crosta de ferida mais ou menos
dolorosa, bem ou mal sarada,
mas somos.
Nao nos estamos a criar
Estamos apenas a descobrir a ler
da forma que fomos escritos
e finalmente a perceber
que o tempo já passou, ja findou
esse tempo de nos inventar.

("Deixa-te levar pela criança que foste" - José Saramago.)

(O coraçao é uma criança mal comportada
que já só pode brincar na rua
com supervisao do cérebro.
)

quinta-feira, novembro 16, 2006

I've found myself only to realise I want to be lost again.

quarta-feira, novembro 15, 2006

Leve

Escrever é a forma mais simples de estampar algo de nós
De explodir raiva e sentimento que acumula e pesa nas pernas.
Esta mochila cheia de tralha desnecessária
O acumulado de quimicos que me enche as veias
E me percorre, eu sinto.
Sinto enquanto caminho e tento ser leve
Levezinho.
Arrasto-me e anseio explodir
Libertar-me do passado e de todo o seu futuro.
O demasiado de ontem espera-me no amanha
E eu só quero viver até hoje.
(Levante a ancora meu capitao!)
Anseio
Anseio seguir
Muito leve
Levezinho.

sexta-feira, novembro 03, 2006

Eu

Emolduro-me em fragmentos de sonhos q fui tendo
por cortantes arestas de razoes que nao entendo.

domingo, outubro 22, 2006

Transla(ç)ao

Gostamos de fidelidade, de permanencia
e gostamos de moda, dissipante.
Somos antagónicos e queixamo-nos!
"We read the world wrong and say that deceives us."
Somos peixe miudo nas maos do destino
e rimo-nos em nosso redor sem noçao
que somos o que odiamos, o que criticamos
e fazemos.
Perpetuamos binoculos
pois as palas sao incómodas!
E nunca vemos que tudo
mas TUDO
está mesmo a nossa frente!

(que mundo tao perceptível tao longe de ser meu)

sábado, outubro 07, 2006

Uma vida que nao rima

pequenos momentos
ilustres amigos com pequenas frases
amigos que contam
momentos que marcam, quando se e doido.

pequenas frases
ilustres duvidas de grandes esperanças
duvidas que persistem
frases que se gravam, sem que as queira.

o meu relogio cresce, mas eu nao
ganho rugas que se riem, crianças.

e e nesta linha incognita que leio
o que nao vejo em mais lado nenhum
enquanto me guio sozinho.

tristemente me encolho
e vejo partirem mil vidros que me definem
ajudando, e quebrando tambem.

quero tudo, e nao faço por nada
e vou explodindo, em pequenas partes
partes que nunca farao um todo.

o som so nao acorda o surdo e o idiota
vamos ser surdos e idiotas
de coraçao na mao...
silencio!
vamos expressar movimentos sem racionalizar
vamos viver sem pensar demais?

eu, sim eu
quero saber tudo
e nem metade vou poder saber
entretanto vou tentando, continuando.

e quando nao me suporto
ajudo-me, agarro em mim e volto a nascer...
mas nem sempre.

quinta-feira, setembro 21, 2006

Ja foi...

sol, calor, desejo, agua, fluir, sentir, secar, sal, petiscos, correrias, por do sol, banho, sofá, adormecer, acordar, espreguiçar, sair, vadiar, beber, sorrir, sentir, partilhar, risos, conversas, olhares, percorrer, pernoitar, frio, e depois quente, acordar e viver.

(vou ter saudades do verao)

sábado, agosto 12, 2006

Fardos..

Tantos instantes a esquecer o passado
e ignorar quem nos lembra
mas é um fardo tao pesado
que tentamos digerir precipitadamente.
Nunca desfolhamos
colhemos e aceitamos.
Quando for velho vou estar farto...
Quero ser livre e feliz.
E nunca mas nunca, pesado.

(quem ja foi feliz sabe como viver)

domingo, julho 30, 2006

O contraste do alcalino em tanto sal de verao
1 lágrima em tao vasto oceano
reduzo-me na baixa maré
desintensifico-me enquanto o sol se poe.
Sou. E só nesta estaçao.

segunda-feira, junho 26, 2006

se te sentes invisivel, toca. nao é preciso pensar, basta sentir.
um dia é quase sempre cinzento com uma pincelada cor-de-rosa
e nem sempre é nosso.

domingo, abril 16, 2006

Teimosia

Fazia tanta questao em ir por dada porta que nunca reparei nas restantes. Fui empurrado e desta vez falharam-me as maos. Nao me agarrei, nao esperneei, deixei-me ir. Empurrem-me 'a vontade, perdi as reticencias.

terça-feira, abril 11, 2006

A cura para o amor, é amar.